quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Maternidade

Já percebi que a maternidade dos nossos dias não é uma questão pacífica. Li isto no Público.

Quando tirei a minha licenciatura estava longe de imaginar que os meus dias iriam ser passados assim, entre cerelác, plasticinas e legos, ir levar e buscar (por volta das 16.30, não mais) uns à escolinha e passar o dia a dar de mamar, mudar fraldas e cantarolar ao mais pequenino.
A verdade é que só nos apercebemos das exigências da maternidade quando os filhos começam a nascer.
Quando a princesinha nasceu tudo foi mágico, tanto o pai quanto eu trabalhávamos mas foi fácil adaptarmos a nossa vida à vinda de um bébé. Como eu trabalhava por conta própria consegui tê-la por perto até ela fazer 12 meses, altura em que entrou na escolinha.
Quando o príncipe risonho nasceu já começou a ficar mais complicado. Não temos avós ou tias a viver por perto para darem uma ajuda. Como eu estava a atravessar uma fase profissional difícil, fui eu que naturalmente fiquei em casa para tratar deles.
Agora que nasceu o 3º príncipe a questão já nem se põe. Um de nós (mãe ou pai) tem de estar disponível para o agregado familiar.
Temos uma casa tranquila, alegre, nunca há nervosismos sobre quem os consegue ir buscar à escolinha, quem pode ficar com eles em casa quando estão doentes, há sempre comida quentinha feita e roupa dobrada.
Agora estou serena quanto ao caminho que estamos a seguir mas fui muitas vezes assaltada pelo medo de não estar a fazer uma carreira profissional, de ter tirado uma licenciatura para nada. Por isso percebo bem todas as mães da minha geração que não querem abdicar da sua profissão para cuidar dos filhos. Há ainda as que não podem, porque o agregado familiar não consegue subsistir só com um ordenado ao fim do mês.
A questão é que pelo que me apercebo ao observar os meus 3 pequeninos e todas as crianças que me rodeiam é que todas precisam de tempo e disponibilidade. Tempo de qualidade é certo mas, em grande quantidade. Pelo menos nos primeiros anos de vida.
Seria bom que a maternidade e a família fossem olhadas com outra nobreza pela sociedade actual e lhe fosse dada a importância devida.
Seria bom também que o casal decidisse entre si qual dos progenitores tem maior disponibilidade para as crianças e essa responsabilidade não fosse sempre empurrada para a mãe, que tem tanto direito como o pai de querer fazer carreira profissional.

Tenho a sorte de viver com um príncipe encantado que me olha todos os dias com admiração sincera. Ajuda muito.

5 comentários:

Telma disse...

Oh!
Gostei muito destas palavrinhas... sei o que isso é! Acho que senti cada palavrinha dita.
Parabens e beijinhos

Sara Rainbow Soul disse...

Oi linda! Adorei o que escreveste, e quantas mães sei que passam pela mesmo experiência tão bela e dignificante! Grandes mulheres :)*

Sabes uma coisa? Fico tão feliz por ir ter uma menina, porque assim pode vestir os teus vestidos que eu adoro! Entretanto estiva lá na loja 1001 cores e vi uma colcha tua pela qual me apaixonei...quero uma!!! Mas ainda não temos caminha, depois digo-te qq coisa!
Estou a adorar a gravidez, já só falta um Mês!

Beijinhos para todos na tua LINDA família!

Ritinha disse...

Não podia estar mais de acordo... Consegui ficar com os meus filhos até 9 meses de cada um mas só porque fui "empurrada" pela falta de trabalho enquanto professora, no entanto acho que essa foi uma benção! Hoje olho para ele só com um aninho e às vezes queria só ficar em casa com eles sem ter de preocupar com o futuro... infelizemnte não pode ser mas se pudesse optar não hesitava!
Beijinhos e continuação de bons posts como os que nos tem habituado

Catarina disse...

Esta é uma reflexão que também faço frequentemente e por isso estou inteiramente solidária com os seus sentimentos.
Tenho um menina com 2A11M e estou grávida de um menino de 30 semanas. Trabalho a 35km de distância de casa e normalmente sou eu quem assumo todas as tarefas relacionadas com o cuidado dos nossos filhos, porque mesmo assim tenho mais disponibilidade.
Toda a minha vida pensei e disse claramente que não há prioridade maior para mim do que ser mãe e cuidar dos meus filhos. Sempre pensei que, perante uma oportunidade/necessidade, que não hesitaria abdicar de tudo para me dedicar unica e exclusivamente aos meus filhos e à minha família. Este foi aliás, o modelo que vi na minha maravilhosa mãe.
Mas na verdade, depois de uma vida inteira a estudar, após licenciatura, pós-graduções e exigências/perspectivas de trabalhos de investigação científicas, tendemos a repensar mto bem em tudo!!! Não que não valesse a pena, mas na verdade sinto que agora seria verdadeiramente difícil deixar tudo isto para trás...
Enfim, é mesmo um dilema!
Bem, vamos tendo a licença de maternidade para ensaiar sobre a vida que tanto sonhámos. Sem dilemas, sem culpas, sem problemas. Estou ansiosa!!!

Um abraço e obrigada pela partilha.

Anónimo disse...

Também sou mãe a tempo inteiro com um diploma no fundo de uma gaveta.

EULALIA